sexta-feira, 9 de julho de 2021

Saudade?

Saudade?
Só não sinto da morte!
Do que fui, do que vi, do que senti,
Me venha saudade!

Saudade?
Às vezes, doi como um corte!
Na carne, na alma, no mundo,
Me doa saudade!

Saudade?
Até pode ser sorte!
No jogo, no amor, na vida,
Me goza saudade!

Saudade?
Há quem não se importe!
Louco, gênio, poeta,
Me valha saudade!

Saudade?
Serve até como norte!
De dia, pela tarde, à noite
Me guia saudade!

Saudade?
Enfim, ser múltipla é seu forte!
Onda, brisa, lampejo,
Me toca saudade!

domingo, 25 de abril de 2021

Dueto


Logo de manhã
Dueto de bem-te-vis
Minha mente sã

Nova era

Quando menos se espera
Nesse mundo cheio de fera
Surge luz que não é quimera

Um brilho que não se encerra
Um fogo em forma de esfera
Começa uma nova era.

Que país é esse?

Este é um país cloroquinado,
Mal sinado,
Desguiado, desgovernado,
Da vida, desviado.

Este é um país impressionado,
Desatinado,
Desestruturado, desesperado,
Da vida, afastado.

Este é um país indesejado,
Desafortunado,
Empestiado, acabrunhado,
Da vida, rejeitado.

Este é meu poema acabado,
Encolerado, enfezado,
Irritado, gritado,
Da vida, desgarrado.

Poema das probabilidades

Nem toda explicação é cabível
Nem toda mentira é incrível
Mas todo papa é falível.

Nem todo desejo é viável
Nem toda causa é provável
Mas qualquer amor é passável.

Nem todo sonho é de valsa
Nem toda esperança é falsa
Mas todo sapato se calça.

Nem sempre se usa balsa
Nem sempre se está descalça
Mas sempre uma pista se encalça.

Onde vai a rima?

Ela até de rimar gosta,
Mas nunca no próximo verso!
Eu sempre ponho rima
Pra combinar com verso de cima!

Hoje, pra agradar,
E pra meu bem sorrir,
Nesse poema,
No último verso,
Minha rima é posta.

Canário

 

Nobre visita
Um canário na praia
Há quem resista?

Octógono

 

Na praia
Um octógono
Se espraia

Depois do medo

Depois do medo
vem a gana de clamar
não cedo.

Suma escura noite
que o mundo flagela
com vil açoite.

Acabe maldita tarde
que o mundo flagela
com tanto alarde.

Finde sombria manhã
que o mundo flagela
com febre tersã.

Brilhe a esperança
que o mundo anima
com suave dança.

Raie a utopia
que o mundo anima
com muita alegria.

Vença a fraternidade
que o mundo anima
com mais igualdade.

Desde cedo
surgiu a gana
de clamar sem medo.

Pensante


Tempo nublado
Mirando tão distante
Fico pensante

Vida

Espasmos cotidianos tremem a carne
De manhã, pela tarde, à noite
Como se fossem derradeiros

Sonhos se repetem
Em noites bem ou mal dormidas
Como se fossem verdadeiros.

Intenções sempre planejadas
Insistem em não acontecer
Como se fossem impossíveis.

Vontades são como espasmos
Desejos são como sonhos
Anseios são como intenções

Assim segue a vida
Se repetindo em sonhos infindáveis
Aos trancos e barrancos dos espasmos
Emergindo de planos não pensados
Prenhe de vontades derradeiras
Povoada por desejos verdadeiros
E guiada por anseios impossíveis.
Ou seriam anseios verdadeiros
E desejos impossíveis?

Haicai Desnorteado

Tanta dor e morte
No ano pandêmico
Perdeu-se o norte