quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Livre pensar I

Doce de leite,
paçoca, olho de sogra,
ah, que deleite.

Pra que pressa?
A vida é um minuto,
vai ler Eça.
(Para Niemeyer)

Anjo caído,
paixão recolhida,
sonho perdido.
(Para Win Wenders)

Novidadeira,
sem saber o que quer,
nem eira nem beira.

Virou consorte
depois do casamento.
Cara de sorte!

Do vagabundo,
os filmes transformaram
surpreso mundo.
(Para Chaplin)

Cabelos tinha.
Ficou carequinha com
tanta chapinha.

Entrou calado,
saiu mudo, ditado com
jeito trocado.

Muita mudança
mas, na vida, flamenco
ela sempre dança.
(Para Fernanda)

Sempre pensando:
como escolher algo
tudo amando?
(Para Paloma)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A caminho de casa (só três)

Atrás do muro,
goiaba madura no
alto me tenta.

No ombro dela,
borboleta verde
também me tenta.

Pele morena,
goiaba madura, não
falta desejo!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

(IR)RACIONAIS

Jab do coração
à lona logo leva
a prática razão.

Isso é razoável?
Fim justificado por
meio inexplicável!

Tecnocracia!
Irmã gêmea da
burocracia!

É no mercado
que o sócio-ambiental
é respeitado?

Criterioso,
o chefe pode não
ser bondoso.

Sendo injusta,
a gerente não desfez
a saia-justa.

Foi no cinema
que o cego estrangeiro
viu o dilema.

Balanço social
na empresa nacional
aumenta o capital?

Para engraxate,
sapato mais difícil
é do mascate!

Mercado limita
artista que não quer
ser sibarita.

Fique na espreita!
No mundo acadêmico,
mente estreita?

Razão ou intuição
na hora agá, usa-se a de
maior precisão.

Vindo de Prudente
no carro sinto presença.
Anjo cadente?

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Querendo entender o haikai

Comecei a praticar esta forma de poesia, inspirado em livro de Millor Fernandes, Haikais, de 1986, e sua breve introdução ao que é haikai, bem como nos 111 ais de Dalton Trevisan. O que me atraiu foi a concisão e precisão dos sentimentos expressos nos haikais que li. Aliás, busco essa concisão no meu pensamento sobre o mundo.

Mas, preciso saber mais sobre haikais. Achei um blog muito legal: hai-kais.blogspot.com.br.

E, dentro dele, um post instrutivo:  http://hai-kais.blogspot.com.br/2010/06/5-artigos-sobre-haicai.html.

Dentro do post esse artigo: http://www.scielo.br/pdf/alea/v10n2/07.pdf.

Continuo na busca.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Sem rima/Com rima

Centelhantes,
estrelas de Capitu,
por quem brilham?

Centelhantes,
no céu, as estrelas
Bento viu antes
(inspirados em Dom Casmurro – Machado de Assis)

Bancos da praça:
alegria se espraia
na brisa amena.

Bancos da praça:
meninas radiantes
cheias de graça.
(na UFPR)

Caolho, corcunda,
Caliban, na tormenta,
mudou seu fado.

Caolho, corcunda,
servo de Próspero, de
cara carrancuda.

Amplo calçadão
sem quiosque se tornou
mera travessia.

Amplo calçadão
sem sorveteria me
deu um calorão.
(Em Londrina)

Desaparecido,
filme político, muito
por aqui visto.

Desaparecido,
filme triste que revi
entristecido.

Soberbamente,
o pesquisador desdenhou
outro argumento.

Soberbamente,
o pesquisador desdenhou
da outra mente.

Então... Nas telas
Francis, Emerson, vida
fragmentada.

Então... Nas telas
dos artistas, pedaços
dos corpos delas.
(inspirado na exposição Então... com quadros de Francis Rodrigues e Emerson Persona)

Fernanda, aulas,
Paloma, estrada, filhas
no gira mundo.

Fernanda, aulas
Paloma, estrada, filhas
só sei amá-las!
(22/02/2013)

Fontes jorrando:
gente apressada no
final da lida.

Fontes jorrando:
gente apressada na
vida passando.

Muita sensação
estremeceu corações
adormecidos.

Muita sensação,
ainda assim, no bando
muita frustração.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sem rima

Um dia de sol:
no jardim dourado,
flores e abelhas.

Chove lá fora,
mas aqui dentro
seca a esperança.

Outono marrom,
das arvores minguando
folhas cadentes.

Sob o asfalto
corre riacho tortuoso,
no afã da vida.

Bosque do Papa:
cães e donos, surge agonia
na chuva fina.

Na sala eu só,
monstros povoam sono
do sonho triste.

Guri levado,
tão andrógino, desejo
cedo desperta.

Primaveril
sensação de frustração:
alma sem flor.

Sol forte na manhã
de fevereiro, logo mais
águas de março.

Serra do Mar:
azaleias inspiram
idéias sinuosas.

Mar revoltoso:
pescador sereno
no colo de Iara.

Passeio Público:
vendaval faz das folhas
aves súbitas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Brincando com as palavras

Som aos poucos?
É muito melhor que
ouvidos moucos!

Se não há gorjeta,
pode o garçom ficar
sem borboleta.

Foi-se afora.
com medo de topar com
outro caipora.

Por Macunaíma,
além da preguiça, tive
muita estima.

Pouco sensato,
o mordomo esqueceu
de lavar prato.

No último avião
fila treze havia não!
Só superstição?

Tobias, o gato,
mia, mia, de tanto temer
pardal e pato.

Sexo matinal
é muito melhor que
tomar mingau.

Sexo outonal
aos sessenta, (se)tenta
sai no jornal.

Sexo primaveril
imaturo, apressado,
muito juvenil.

Sexo no verão
maduro, molhado, tu
revelas paixão.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Emoções

Ela? Puta deusa!
Depois dos braços d’outros,
virou puteusa.

Ele? Pouco vício,
foi atrás de consolo
no precipício.

Por nada, nada,
na praça enluarada
cruzou espada!

Será que ela
ao saber da trama
foi à janela?

Se é ciumenta?
Quase nada! Mas
quem aguenta?

Domingo no MON
Degas, Leminski, ao sair
picolé Chicabon.

Foi tão ao ponto,
franco, direto, seco.
Não faltou pranto.

Será natural
emoção de coração
artificial?

Se fazia haicais,
se sentia melhor à
beira do cais.

Por hoje basta.
Amanhã, também, carrego
enorme pasta!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Darwinianos

Por falta de coragem,
o corrupto em potencial
ficou na vadiagem!

Por excesso de medo,
o corrupto temeroso
ficou no arremedo!

Sem oportunidade,
o corrupto ocasional
ficou na vontade!

Por muita ousadia
o corrupto, na prisão,
ganhou estadia!

Crente na evolução,
o humanista sentiu
grande desilusão!

Mas, reza a lenda,
que a biologia ajuda
entender a prebenda!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Primeiros Haikais

Inspirado na concisão daltontrevisana e millôriana.

Fugiu do ócio,
pensou e arriscou, sem
plano de negócio.

Necessidade
ou oportunidade?
Faz sociedade!

Da visão futura
surge empresa jovem
que muito dura!

Informática com
inovação gerando
sonho ponto.com.

Mais da emoção,
menos da razão, vem a
realização.

Sem inspiração
ou domínio técnico
não há solução!

Foi competindo
que eles ficaram de
dinheiro findo!

Na localização
é que o padeiro tem
seu ganha-pão.

Longevidade,
na pequena empresa,
é raridade!

Micro empresa
ou pequena, às vêzes,
da grande é presa.

Estrategia e ação
vêm do cérebro guiadas
pelo coração.

Ser hospitaleiro,
mais que obrigação, é
dom do merceeiro.

Publicados pela primeira vez em www.3es2ps.blogspot.com

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Cínicos

Dos stakeholders,
os interesses aparecem
só nos folders!

Ética nos negócios?
Só depois de grande
lucro dos sócios!

Empoderamento?
Vem em conjunto de
muito sofrimento!

Em nossa era,
responsabilidade social
é uma quimera!

Multifuncionalidade.
Enriquecimento do cargo ou
mais produtividade?

Gestão participativa
surge, quase sempre,
na fase terminativa.

Nem alquimista,
para a sustentabilidade,
acha pista!

Mais que um tema,
empresa cidadã, na gestão,
é só um lema!

Autonomia
e autogestão? Só
quando o cão mia!

No entanto, enfim,
para os sonhadores,
esperança sem fim!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Duplos

I

Ir ao cinema
ou ao catecismo?
Foi seu dilema.

Finda a crença,
opção feita, no filme
marcou presença.

II
Tesoura na mão,
vinha o vô, nós fugindo:
_ As unhas, não!

Cortava rente
e a ponta do dedo
ficava latente.

III

Mente movida,
entre cinema e gestão,
vida vivida.

Com as imagens
tentou ensinar a ver
além das miragens.

IV

Fator previdenciário
não faz diferença só
pra milionário!

Depois da labuta,
aos sessenta, aposentado
com renda curta.

V

Viu a dançarina
Iluminada, triste, nua,
luz de lamparina.

Aliviar a tensão
queria, mas com a visão
caiu na depressão.

VI

No meio da tarde,
negociavam o programa
sem muito alarde.

Por demais querer,
com apenas dez reais,
ficou sem a ter.

VII

Tão recatada
aos poucos se tornou
despudorada.

Juntos no Passeio,
tentou e conseguiu, dela
beijar um seio.

VIII

Findo o romance,
quis continuar, mas não
houve um lance.

Após a novela,
quis namorar, mas ela
não deu trela.

IX

A primeira vez,
no banco da praça escura,
que desfaçatez!

Em outra ocasião,
no escuro do cinema,
lá pôs a mão.

X

Com espumante
ela quis brindar seu
novo diamante.

Sem dinheiro, o anel
desenhou, amoroso, na
folha de papel.

XI

No supermercado
dois carrinhos cheios
olhar trocado

Na fila, em linha,
débito ou crédito?
Na sua ou na minha?