domingo, 28 de abril de 2013

Desconjuntados

Beija flor
furta orvalho doce
na manhã fria.

Jardim suspenso
emociona com flores
em tempos vagos.

Menino ouvi
as pedras se movendo
na correnteza.

No escurinho
da sala de cinema
mundo só meu.

Caro amigo,
consegue olhar além
do seu umbigo?

Mo mundo virtual
perdi a esperança
de fugir do mal.

No seu ritmo,
rogerianamente,
livre conhecer.

Vi com Buñuel
que a própria vida
soa surreal.

Leão de Glauber
com sete cabeças foi
multinacional.

Filme poético
escalafobético
magnético.

Ao invés de
metafórico serei
metadentrico.

Sotaque francês
faz da pesquisadora
sonho deste mês.

Tão andrógino
me confunde aquele
menino jovem.

Que fascínio
tem o estrangeiro até
no morticínio!

Só chama atenção
tragédia que acontece
em país mandão?

Em Sete Anos
encontrei na ausência
sua presença.

sábado, 27 de abril de 2013

Cardápio Surreal

Com barbatana
de tubarão, velhaco
não se encana.

Cachorro quente
com vina só na terra
do leite quente.
(ler com sotaque curitibano)

Paca e tatu
no guisado, cotia
não se achou não.

Carne de onça
em Curitiba vem com
broa insonsa.

Tambor com Bambi
e Nemo são pratos que
Picapau lambe.

Vadinho bole
na dona da moqueca
de siri mole.
(para Dona Flor)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Quadrinhos

Homem aranha
seu fio não me salvou
daquela piranha.

Batman e Robin
no batcarro atropelaram
o seu Joaquim.

Tarzan e Chita
roubaram da Jane
vestido de chita.

Cartola do Mandrake
não funcionou. Eita
mágico de araque!

O Clark Kent
não se trocou na cabine
que tinha gente.

Walker, o Fantasma
ao chegar na cidade
sofreu com asma.

Mafalda de Quino
com Felipe e Manolito
saem de fino.

Tonto com Zorro
de mãos dadas beijando
ao pé do morro.

Nas tirinhas
Mafalda e Manolito
com as amiguinhas.

Recruta Zero
com Sargento Tainha
dançando bolero.

Professor Pardal
para madame Min fez
caldeirão infernal.

Gastão sortudo
pegou pata Margarida
com bigodudo.

Cartoon adulto
com cenas de sexo
gera tumulto.

sábado, 13 de abril de 2013

Salada Mista

Sem apetência
não adianta viagra
dar competência.

Virou travesti
depois que usou
saia petit.

Todo temporal
em São Paulo causa
transtorno moral.

Sonho estranho
na cama inflável
acordo fanho.

Com lamparina
de noite foi atrás
da jovem Marina.

No Sudoeste
em preto e branco
vida agreste.

Renunciando
papa contemporâneo
saiu atirando.

Bento dezesseis
causou grande espanto
até nos dosseis.

Evento acadêmico
tão deprimente que me
deixou anêmico.

No Jardim de Alá
com massagem, francesa
exclama: Ulalá!

goiabeira lisa
no terreno vizinho
inspirou poetisa.

Na beira-mar
sombra de coqueiros
vontade de amar.

Orquídea azul
lembra noites de
paixão em Istambul.

Gato malhado
correu tão descuidado
caiu do telhado.

Chove granizo
crianças se espantam
perdem sorriso.

Pingo a pingo
cai chuva grossa
ao fim do domingo.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sentimundo

Fissura por ti
na beira mar
sozinho em Paraty.

Rascunhando a
vida, no improviso
sigo sonhando.

Nos desejos loucos
busquei tantos casos
acheis uns poucos.

Mundo caótico
vi no caleidoscópio
panóptico.

No mundo cão
poetas escrevem com
dor no coração.

Muito cerebral
não deixou aflorar a
lágrima primal.

Luar brilhante
reflete ondulante
no mar vazante.

Riacho lento
trouxe da nascente
encantamento.

Mundo insano
qualquer dia acaba
baixa o pano.

Escrevinhador
de palavras poucas, mas
com muito ardor.

Estação tubo
no fim da tarde contém
gente ao cubo.

Com tanto seio
em seu colo satisfiz
muito anseio.

Vida pacata
na sombra do casarão
sem pressa passa.

Filme mágico
narrativa poética
lagrimotiva.

Na Riachuelo
surgem as mariposas
ao entardecer.

Imagem frágil
do maltrapilho me
persegue ágil.

Ao seu pedido
surdo me fiz, mas já
arrependido.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Sala de Espera - II

Imaginação voa
na sala de espera
fico na boa.

Papo de doente
com médico ausente
fico demente.

Tempo na espera
demora a passar
sem esfera.

Atrás da hera,
o beijo mágico dela
o tornou ex-fera.

Adormecida
com o beijo acordou
intumescida.

Papa ausente
deixou descrente
a tanta gente.

Crise papal
despertou no cardeal
desejo colossal.

Por que não eu?
Foi a pergunta que fez
o padre ateu.

Relógio parado?
Não. Com o tique-taque
fiquei passado.

Eta pasmaceira!
Esperar a jardineira
me dá uma soneira.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sala de Espera I

Pele com pele,
Implacável, ela diz:
_ Não me rele!

Ele ou ela,
quando bate a fome
abre a panela.

Ipê florido
na calçada estende
manto colorido.

Pensativo
da vida quis fugir
sem motivo.

Distante delas
buscou na memória
outras capelas.

Onde vai sentar
aquela mosca azul
longe do pomar?

Todo pedante
não aguenta viver
com um arrogante.

Sem um calmante
enfrentou a prova
mais adiante.

Ferida de morte
esgrima orgulhosa
culpou má sorte.

No natalício,
da namorada ganhou
chifre no hospício.

Na enxurrada
brincou com barquinhos
da frágil armada.

No céu nublado
sol e lua brilhando
lado a lado.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Poeteca

Na cinemateca,
filme experimental
com perereca.

Na biblioteca,
livro abominável
sobre peteca.

Na discoteca,
velha sofisticada
dança frenética.

Na videoteca,
encontramos dvd
de vida asteca.

Hemeroteca
guarda periódicos
na biblioteca.

Para caneca,
se você deixar, crio
canecoteca.

Se saiu meleca,
foi do nariz, não da
bela charneca.

Como maneca
desfilou deslumbrante
na pinacoteca.

Após panqueca
salgada, comeu doce
virada cueca.

Só tem bisteca.
Não vai ter como fazer
tua moqueca.

Moço careca
foi de limusine buscar
bela boneca.

Menina sapeca
brinca no jardim tão
levada da breca.

Chega! Eca!
Vou parar aqui minha
doce moleca.