segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Atentado no IPhone ou Crônica de uma viagem

No aeroporto de Londrina espero meu vôo de retorno a Curitiba pensando sobre o que fazer enquanto vozes infantis se misturam com aviso de embarque do grupo dois o que significa que o grupo três já foi chamado ou o grupo um isso já não importa pois ao meu lado um homem fala alto alguma coisa sobre o Reginaldo em Brasília perdi meu vôo puta que o pariu.
Você deve estar rindo agora me chamando no mínimo de idiota só que nesse fluxo de consciência não afetada por nenhum líquido exótico exceto por um creme de abacate um pouco líquido demais que não é suficiente para chamar de vitamina e tampouco de creme porra outras vozes vão penetrando em meus tímpanos que deixaram a virgindade em algum tempo passado tão remoto que não consigo nem lembrar por causa do aviso no aeroporto que já fez a última chamada pela quinta vez por um tal de Matias assim descobri que ainda não perdi meu vôo já que Matias perdeu o de São Paulo vou ficar atento se essa criançada barulhenta me deixar ouvir caralho.
Você deve estar estranhando que nunca ouviu eu falar palavrão porra caralho puta que o pariu o teclado do iPhone não completa palavrão automaticamente você sabia só que você não notou que eu não estou falando palavrão seu escroto mas escrevendo enquanto alguém fala do diretor presidente de uma empresa de merda que tem que pagar uma indenização sem nenhuma chance de negociar boceta os caras pensam que meus ouvidos são pinicos para receber tanta merda.
Definitivamente se não é vitamina de abacate e não é creme também faz um mal danado para consciência ou então isso tudo é um sonho muito louco que segundo alguns estudiosos é uma prova irrefutável da existência do inconsciente mas não de deus com certeza e sem dúvida para ficar no pleonasmo é no mínimo surreal com essa caixinha de música com um casal gay valsando devagar com a bateria que parece estar no fim já que é o momento de acabar com esta estória.
Mas quem já escreveu qualquer coisa não real mas como pode ser não real se estou vendo as palavras que vão se formando na tela do iPhone sabe que o momento de parar não é determinado por qualquer escriba as palavras parecem que saem das pontas dos dedos e apesar disso são as minhas digitais que darão pistas datiloscópicas caso interesse descobrir quem cometeu esse atentado contra os cânones da literatura ocidental to fudido!
Sem medo retomo a escrita agora me sentindo dono do pedaço dentro de um ônibus onde uma moça vai contando em voz alta detalhes de uma vida tão sem graça que acho que nem o companheiro dela de viagem aguenta p tédio e começa a cantarolar um sambinha desafinado que eu prefiro ou preciso continuar a saber do sapatinho que ela comprou ontem mas não é a Cinderela e não há nenhum príncipe e o relógio depois do horário de verão está meio distante no tempo não no espaço da meia noite mas parece que o ônibus virou uma abóbora o motorista um rato gordo e os passageiros estão exigindo o dinheiro de volta que o mundo não é nenhum conto de fadas é foda!

domingo, 16 de fevereiro de 2014

REALEJO FANTÁSTICO

O que eu busco
de repente descubro
no lusco-fusco.

Nesse meu conto,
aos cinqüenta e seis,
um pouco tonto.


Houve encontro,
mas me marcou bastante
um desencontro.

Com sol poente,
no bosque decadente,
perdi sã mente.

Vago sozinho,
ouvindo pensamentos

pelo caminho.

Neste trajeto,
às vezes, sinto falta
dalgum afeto.

Você não veio,
busquei ternos afagos
em belo seio.

 
Mas com certeza,
na solidão encontro
jovem beleza.

Mas também vejo,
no bosque, um tocador
de realejo.

Nessa penumbra,
tal aparição minha
alma deslumbra.


Seria real,
imaginação, ou
só engano sensorial?

Em qualquer caso
parece que foi peça
de um acaso!

sábado, 8 de fevereiro de 2014

SAUDEJO

Lembro de você,
à tarde, preguiçosa,
tão carinhosa.

Sei que não devo,
mas em você vejo
tanto desejo.

Sinto saudade,
nessa hora esqueço
qualquer beldade.

Desejo sinto,
tão forte me fere, que
a razão finto.

Se não me busca,
vejo que loucura
não tem mais cura.

Em outro caso,
quando sou procurado,
peço um prazo.

Fica confusa,
na raiva me acusa,
mas não recusa.

Me dá um beijo,
sorrindo vai embora,
quedo saudejo.