Um haikai ao dia, prazer, paz, emoção, e muita alegria (Fernando Antono Prado Gimenez)
domingo, 8 de dezembro de 2019
Desejos
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
Nudez
Das palavras, mudo.
Dos sons, surdo.
Da luz, cego.
Dos aromas, insensível.
Dos toques, afastado.
De mim mesmo, estranho.
quinta-feira, 14 de novembro de 2019
Exercício
Com a ideia me excito!
No teclado, hesito,
Pois, me falta um quesito.
Um tema repito?
Será que insisto?
A escrita exercito.
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
Névoa úmida
Chuva já molha
Serra do mar coberta
Pela neblina
sexta-feira, 19 de julho de 2019
Fases da Lua
Na lua cheia
Sem nem tirar meu sangue
Você me exangue.
Na lua minguante
Você não resiste
Ao meu desejo rompante.
Na lua crescente
Nos entregamos
Ao amor entorpecente.
sexta-feira, 21 de junho de 2019
Mais uma tentativa de tanka
Mar em vazante
Cabelo esvoaçante
Gaivota voa rasante
N'água peixe brilhante
Sol escaldante.
sábado, 6 de abril de 2019
Depois de Leminski no museu
Nuvens cinzas no céu
Fim da tarde de outono
Passarinhos, ouço ao léu.
Estranhamento
Estranho o sorriso amarelo
Estranho a cara de pau
Estranho o gesto armado
Estranho o abraço de urso
Estranho a dor da criança
Estranho a desfaçatez
Estranho essa placidez
Estranho essa falta de ação
Estranho essa desatenção
Estranho essa morbidez
Estranho essa falta de tato
Estranho essa vida de fato
Estranho até o estranhamento
Que me parece um sangramento
Dessa vida que não é salva
Por nenhum sacramento
sábado, 9 de março de 2019
Estrada
Verde na serra
Cinza nas nuvens
Som da cigarra
sábado, 2 de fevereiro de 2019
Nós
Podem ser fáceis ou difíceis
Alguns cegos, outros frouxos
Alguns parecem exóticos
Prefiro, porém, os eróticos.
Apertados enquanto duram
Se desfazem devagarzinho
Sem vontade de soltar
Apartados de repente.
Logo vêm outros laços
Nós na vida repetente
Não há quem não tente
Afinal. somos todos penintentes.
sábado, 26 de janeiro de 2019
Janelas
Abre janela
Vento agita cortina
Passo atrás dela
Abre janela
Sol põe fim à penumbra
Cor se revela
Abre janela
Nuvem esconde lua
Uiva a cadela
Abre janela
Nada acontece
Fecha janela
domingo, 20 de janeiro de 2019
Brincando de rimar
No encontro
Me desencontro
Quando lhe reencontro
No canto
Me desencanto
Pra seu encanto
No mundo
Mergulho fundo
Pra lhe buscar profundo
Em mim mesmo
Me ensimesmo
Quando em você ando a esmo
No verso
Me sinto inverso
Se com você converso
Na vida
Me vejo em dívida
Se você me olvida
Enfim, apenas rima
Que me vem de prima
Pra lhe ver pra cima
terça-feira, 1 de janeiro de 2019
Repetições
Na vida se repetem:
Amores e desamores
Confianças e desconfianças
Alegrias e desalegrias
Afetos e desafetos
Confortos e desconfortos
Prazeres e desprazeres
Atinos e desatinos
Propósitos e despropósitos
Ajeitos e desajeitos
Acordos e desacordos
Atenções e desatenções
Almados e desalmados
Lavados e deslavados
Aparecências e desaparecências
Abrigados e desabrigados.
Esperanças e desesperanças
Estimulos e desestimulos
Nascenças e desnacenças
Iludidos e desiludidos.
Na vida se repetem.
Ainda bem.
Na poesia?
Idem, ibidem.