domingo, 26 de maio de 2013

Ingênuos

Cedo no bosque
as plantas o orvalho
lacrimejavam.

Chuva de verão
cai de repente, tantas
gotas que se vão.

Gato esperto
na penumbra da noite
pardo de certo.

Cachoeira deita
águas abaixo, pranto
em altos brados.

Flor campestre
de azul resplandece
vista rupestre.

Pardais do campo
e pombas da cidade
quase se bicam.

Lâmina d´água
translúcida reflete da
moça anágua.

Balacobaco,
meu camarada, virou
bacana, Paco!

Pois então guri
no passado comi
muito lambari.

Se Papa perde
infalibilidade
nas trevas arde?

sábado, 25 de maio de 2013

Dúzia

No entardecer,
através do pinheiral,
tremeluz o sol.

Na lua cheia,
invés de lobisomen,
vi mulher feia.

De madrugada,
sentado na sacada
penso em nada.

No temporal
brilha na trovoada
barco de papel.

Mudar de rumo.
Com a nova estação
renovo prumo.

Liberdade de
aprender como forma
de bem viver

Além de maconha,
Tentou tudo, mas feliz
foi com pamonha.

Desço do tubo,
caminho entre risos
feliz ao cubo.

Chego na vila,
entre as casas frias,
ar de camomila.

Lembro Anita
em Madrid vestida de
saia de fita.

MMA cansa!
Humanidade fica
sem esperança!

Céu estrelado,
a primavera neste
lago aflora.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

No Anarco

Pinhão trufado
no penne do anarco
foi temperado.

Tão saboroso
com cava espanhola
ficou primoroso.

Com gentileza
garçom competente
foi uma beleza.

Em outro tempo
houve um encontro com
um contratempo.

Estonteante,
menina-moça quis ser
minha amante.

Tentei lhe dizer
que, na minha idade,
já não há querer.

Estupefato,
fiquei sem graça, quando
externei fato.

De qualquer forma
abri exceção para
confirmar norma.

Tudo delírio
de alguém escapado
do hospício?

Ou terá sido
feito sensível do
vinho bebido?

Alguém indaga:
foi imaginado ou
vida que afaga?

Você decida
se a mente é sã ou
ensandecida.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

No calçadão

Pensar na vida
no calçadão, lembrança
luz refletida.

Domingo cedo
no calçadão, esqueço
sonho de medo.

Labrador marrom
no calçadão, arrasta
mulher sem batom.

Cabine na praça
no calçadão, imita
Londres sem graça.

Achei um dia,
no calçadão antigo,
minha alegria.

Vindo distante
no calçadão, pombo em
vôo rasante.

Pessoas estranhas
no calçadão ressoam
conversas fanhas.

Londrina me traz
no calçadão, à toa,
um pouco de paz.

Passantes olham
no calçadão aqueles
que só esmolam.

Sem notar que são,
no calçadão atroz, flor
de vida feroz.

Com artesanato,
no calçadão, mulheres
enfeitam prato.

De mãe para filha,
no calçadão, mãos dadas,
amor caminha.

Bem abraçados,
no calçadão, dois jovens
enluarados.

Falando pra mim,
no calçadão, biba de
trejeitos sem fim.



quinta-feira, 2 de maio de 2013

Numerais

Um, dois, três, quatro,
cinco, seis, sete, oito,
nove, dez, onze.

Só com números
dezessete sílabas
não fazem haikai.

Um só pássaro
pousou na laranjeira
na tarde morna.

Duas mangueiras
prenhas de memórias
de frutos doces.

Três araucárias
semeadas por gralhas
brotaram enfim.

Quatro trevos
de quatro folhas. Onde
está a sorte?

Cinco galinhas
no quintal reunidas
como comadres.

Seis horas, manhã
de sol, aos poucos se
vai a neblina.

Sete filhotes,
mãe carinhosa mostra,
da vida, a luz.

Oito meninas
uniformes no traje
diversos rumos.

Tique e taque,
entre nove e onze,
dez badaladas.