Auto-retrato 2
Quem sou?
Sou o que aparece no retrato,
O que ri do pano de prato,
O que se espanta com o mau trato.
Sou ainda,
O que caminha a última milha
Para ver o sorrir a uma filha
E cuidar d'outra tão andarilha.
Sou também,
O que escreve a esmo
E às vezes me ensimesmo.
E até meu eu lírico mesmo?
Ainda sem resposta?
Sou a pergunta que não cala.
A vontade que escala
A teimosia em dose rala.
Ou então:
O trajeto não traçado.
O sonho enfeitiçado.
O medo, enfim, domado.
Sou de tantas parte feito,
Sem ganas de ser perfeito,
Vezenquando tenho defeito,
Mas, o amor não rarefeito.
Enfim, neste selfie manuscrito,
Nesta escrita quase rito,
Faltou, quem sabe, um grito:
A VIDA SOU EM NEGRITO!