quarta-feira, 31 de julho de 2013

Ônibus Noturno

Luzes internas
refletidas lá fora 
assim como eu.

Reflexos fracos
de dúvida na alma
do viajante.

Entre cidades 
atravessando campos
enluarados.

Foge da vista
encoberta por nuvens 
lua marota.

Forças da vida:
milhares de estrelas
velhas mulheres.

Mãe e criança:
sussurrou a primeira,
segunda sorriu.

Indo a esmo:
minha imaginação 
comigo mesmo.

Luzes distantes
paisagens escuras
lembranças frias.

Saudade de que?
Objetivamente:
sabe que não sei!

Risos rápidos,
bocejos hilários 
sons passageiros.

Entre passado 
e futuro, são comuns
as incertezas.

Por outro lado,
no caso do presente,
tenho dúvidas.

Pra ser sincero, 
são raras as vezes em
que há certeza.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Divagações Brasilianas

Estremecida
relação entre tantas
confusões banais.

Casos complexos
requerem pensamentos
heterodoxos.

Virtualmente
você encontra tudo
mas toca em nada.

Com ou sem noção
quando há contradição
tente emoção.

Por telefone
ouço quase de tudo.
Falta sua voz.

Imaginação
de poeta, saudade
do futuro tem.

De Almodóvar
encontro passageiros
só personagens.

Imeiu e pouste
palavras adotadas
mas não escritas.

Relativando:
na agenda, espaço
quer dizer tempo.
(Inspirado em Einstein)

No fim do mundo
cidadão caminhante
se torna errante.

sábado, 20 de julho de 2013

Para que serve o agá?

Oje fica tão
feio! Será o agá
só estético?

Agar sem agá,
na tira de Browne é
também orrível?

Omem sem agá
vai encontrar sua muler
também sem agá?

Ospício vazio:
médicos e pacientes
em busca do agá?

Orizonte amplo
parece tão pequeno
quando falta agá!

Arém do sultão
por faltar agá virou
grande confusão.

Istória vira
estória quando
perde seu agá?

Ouve um dia...
Sem o agá você tem
que ter ouvidos?

Ospitalidade
é com agá? Me pergunta
jovem livreiro.

Orrorizado
me pus a buscar
função pro agá.

Com ou sem agá,
mantive na conversa
o bom umor!

Outono

Céu azulado,
manhã fria outonal,
árvores nuas.

Na alameda,
em passos leves, jovem
dança florido.

Entre plátanos
videiras do vale
enluarado.

Espreguiçando,
o gato espanta do
corpo a manta.

Da pele dele,
calor ameno, seduz
bela morena.

Os quero-queros
cuidam ressabiados
de seus noviços.

Neblina matinal,

lagoa fria, rasa,
patos na orla.

Carpas do museu

multicoloridas
em fila nadam.

Fragmentos sutis

da vida banal formam
conto sensual.

Inconvenientes

palavras que ressoam
mais no silêncio.

As mariposas

assustam as garotas
mais que raposas.

Preocupadas,

surgem lágrimas em
suas estradas.

Surge a lua

no horizonte para
render sol poente.

Chove granizo

lá fora. Dentro fico
com meu juízo.

sábado, 13 de julho de 2013

Espere um pouco (variações sobre um tema)

Se for só sexo
espere um pouco que
terá seu nexo.

Se for só amor
espere um pouco que
dará uma flor.

Se nenhum dos dois
espere um pouco que
um será depois.

Qualquer que seja
espera um pouco que
dá brotoeja.

Sendo para nós
espere um pouco que
ficaremos sós.

Se for raivoso
espere um pouco que
será gostoso.

Se for gasoso
espere um pouco que
será meloso.

Se for difícil
espere um pouco quem
sabe ofício.

Se for tinhoso
espere um pouco que
é espinhoso.

Se for menina
espere um pouco que
logo atina.

Se for menino
espere um pouco que
surgirá tino.

Se for noturno
espere um pouco que
fica soturno

Se for coturno
espere um pouco que
termina turno.

Sendo sexual
espere um pouco que
vira bacanal.

Sendo fraternal
espere um pouco que
vira natural.

Se for com café
espere um pouco que
vai ter cafuné.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Estranhamentos

Inverno triste.
De manhã, sem-teto em
fuga da chuva.

Encontro fugaz,
nos seus vinte seis anos
prazer tão voraz.

Trajetos comuns
risos desencontrados
orgasmos solos.

Cresce suave,
na alma, dor que tanto
empalidece.

Na Cruz Machado
luzes amareladas
nas travesturas.

Boca com boca,
nada fala, abaixo
falo com falo.

Envidraçada,
fica tão engraçada
vida passada.

Busca memórias,
tantas vidas em fila,
cacos da história.

Ouvindo Chico,
cada verso, cena
de filme (in)verso.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Inverno em Curitiba (Será curto!)

Para Paloma e Fernanda

Chove lá fora.
Ramos das palmeiras
revelam brisa.

Céu nublado.
Reflexos da árvore
sombreiam lago.

Sombra de peixe
na lâmina de água.
Gato espreita.

Paloma em dor,
coração nublado, meu
sol vai contigo.

Em seu sorriso,
luz para meu coração.
Me ilumine!

No seu flamenco,
Fernanda, meu coração
se acalenta.

Em seu sorriso,
calor da sua vida
me aquecendo.

Por essas duas,
não há o que não faça.
Ou não desfaça.