quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Auto-retrato 2

Auto-retrato 2

Quem sou?
Sou o que aparece no retrato,
O que ri do pano de prato,
O que se espanta com o mau trato. 

Sou ainda,
O que caminha a última milha
Para ver o sorrir a uma filha
E cuidar d'outra tão andarilha. 

Sou também,
O que escreve a esmo
E às vezes me ensimesmo.
E até meu eu lírico mesmo? 

Ainda sem resposta?
Sou a pergunta que não cala.
A vontade que escala 
A teimosia em dose rala. 

Ou então:
O trajeto não traçado.
O sonho enfeitiçado.
O medo, enfim, domado. 

Sou de tantas parte feito,
Sem ganas de ser perfeito,
Vezenquando tenho defeito,
Mas, o amor não rarefeito. 

Enfim, neste selfie manuscrito,
Nesta escrita quase rito,
Faltou, quem sabe, um grito:
A VIDA SOU EM NEGRITO!

sábado, 28 de novembro de 2020

Esperança

Da noite pro dia?
Sono profundo
Desperto fecundo
Mudo o mundo.

Da noite pro dia?
Busco uma aurora
Sonho como outrora
Desperto antes da hora.

Da noite pro dia?
Vou por qualquer via
Em boa companhia
Atrás da utopia.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Quadra

Na manhã de segunda-feira
Distante som de ambulância
Do chiar da chaleira
Me vem lembrança de infância

domingo, 26 de julho de 2020

Rural

Nuvens plúmbeas
Árvores desfolhadas
Espigas no milharal
Voam as andorinhas
Fugidas do vendaval

Preguiça

Céu coberto
Na cama espreguiço
Livro aberto

Felino

Um gato mia
Em um jardim florido
Na tarde fria

Picapau

Manhã de muito vento
Na árvore, picapau
Na trilha, passo lento


Hedonista

Sem nenhum pudor
Busquei todo prazer
E fugi de qualquer dor

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Pandemia

Então, os ventres das utopias
pariram parasitas metafóricos.
Dos intestinos das distopias,
vazaram replicantes degenerados.
Os zumbis reencarnados
das catacumbas frias saíram.
E as mariposas do Passeio,
em versos não daltonianos,
rondando as luzes amarelas,
continuaram na lida e no poema
como se nada fosse com elas.

Este poema foi escrito para integrar o projeto Betoneira 2 que pode ser acessado em:
https://youtu.be/5l5F0oUaOQc

sábado, 20 de junho de 2020

domingo, 26 de abril de 2020

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Poeminha al dente

O assunto em pauta
É o dente que falta
Na parte mais alta.

Como foi esse dente
Cair de repente
Da parte da frente?

Dente de leite
Deixou um enfeite
Para meu deleite.

No sorriso um vazio
Que faz assobio
E eu até rio.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Ungüento

Cão atento
Das folhas som do vento
Sob a árvore durmo ao relento
Pentimento
D'alma ungüento

Poente

Sol no poente
Maritacas em bando
Gato na árvore


domingo, 16 de fevereiro de 2020